26 outubro 2005

COMENDA DO INFANTE D. HENRIQUE PARA JAG

JOSÉ ANTÓNIO GONÇALVES FOI AGRACIADO, A TÍTULO PÓSTUMO, COM A COMENDA DO ORDEM DO INFANTE D. HENRIQUE .

CONHEÇA A OBRA DO POETA EM :http://members.netmadeira.com/jagoncalves

MÚLTIPLAS OUTRAS HOMENAGENS PÓSTUMAS FORAM E VÊM SENDO PRESTADAS A JAG :

www.castanheira.net

http://poemas.com.sapo.pt

12 outubro 2005

A IMPLOSÃO DE SÓCRATES

A IMPLOSÃO DE SÓCRATES

Ficámos a saber recentemente que o Eng. Sócrates, para além da co-incineração, tem uma outra apetência : a da implosão .
Como diria Jo Soares : « Que mais nos irá acontecer ?
Resolveu entretanto o Primeiro-Ministro revelar aquilo que já todos nós sabiamos : que não iria haver qualquer inauguração do Governo durante o período da campanha eleitoral autárquica . Perante a total ausência de obra deste Governo, acontecer uma inauguração seria um verdadeiro fenómeno do Entroncamento !
Já todos percebemos a enorme dor de cotovelo do Eng. José Sócrates relativamente à imparável obra do Dr. Alberto João Jardim, que anunciou ir proceder a mais de 60 inaugurações até às eleições autárquicas !
Pelo andar da carruagem, está-se mesmo a ver que este Governo caminha, a passos largos, para a auto-implosão .

Castanheira Barros - Advogado / Coimbra

07 maio 2005

ALBERTO JOÃO JARDIM visto por João Carlos Abreu

Jardim «discute mas não impõe»



João Carlos Abreu é um dos secretários regionais que estão há mais anos no Governo.
Tomou posse como secretário regional do Turismo e Cultura, pela primeira vez, em Janeiro de 1984, mas desde 1979 que está na Secretaria.
João Carlos Abreu diz que o presidente do Governo tem «uma cultura extraordinária» e elogia o seu «sentido de Estado».
Jardim é «o grande líder» da autonomia e da transformação da RAM.
«Tenho 70 anos e isso dá-me autoridade para o dizer», sublinha.
João Carlos Abreu entende que a Madeira venceu onde o país falhou. Ou seja, a RAM sempre teve um projecto e o País não.
O secretário regional do Turismo e Cultura considera o presidente uma «pessoa inovadora», «positiva» e «um político que sabe decidir e avaliar. É uma personalidade verdadeiramente fascinante», conclui.
O secretário elogia, por outro lado, o relacionamento de Jardim com os restantes membros do Governo: Alberto João Jardim «dá-nos toda a liberdade. Acredita em nós e nós procuramos corresponder. Ao contrário do que se pensa, ele não impõe nada. Ele pode discutir, mas não impõe».
Sobre a continuação de Jardim pós-2008, o secretário regional diz que essa é uma decisão que cabe apenas ao presidente.
Jardim «nunca revela a ninguém o que vai fazer amanhã», alega.
João Carlos Abreu afirma, por outro lado, que, «se não fosse por Alberto João Jardim», já se tinha ido embora do governo.
Quanto à sucessão e aos “delfins”, o “histórico” do governo entende que esse assunto «talvez é criado propositadamente». Mas, no seu ponto de vista, os “delfins” não existem. «Não sei o que é isso». Disse, contudo, que há muita gente dentro do PSD capaz de governar, apesar de não terem «a persistência e a tenacidade» que Jardim tem.
Neste dia, João Carlos Abreu deseja ao presidente «muita saúde e que continue a sonhar com a transformação da Madeira».

in Jornal da Madeira 17 de Março de 2005

12 abril 2005

NO RESCALDO DE UM CONGRESSO

1-Emoções fortes .

Como nos velhos tempos, o auditório estava atento, todos estavam no seu lugar, ecoava um profundo silêncio .
Era a hora do adeus de quem tinha sido eleito Presidente há poucos meses, quase por unanimidade, no último Congresso do Partido .
Sanana Lopes estava sereno. As vezes sem conta em que se vira diante de um microfone, faziam com que se sentisse perfeitamente à vontade para o desempenho da sua função. Estava como peixe na água, pronto para mais uma dembulação nas profundezas das sempre revoltas águas do oceano da política .
Com mestria, mas acima de tudo, com esmero e educação, Santana Lopes deu-nos mais uma brilhante lição de como se deve estar na política .
Revelando um arrepiante respeito pelas opiniões e atitudes dos que o atacaram nos últimos tempos, Santana soube responder com elegância, saindo pela porta grande .
Santana recebeu não só a maior, mas também a mais sentida das ovações .
Não eram só as mãos dos militantes que aplaudiam, mas também os corações no adeus a Santana Lopes .
Foi o momento de maior emoção do Congresso .
Mas não foi só emoção, foi também a razão a ditar que assim acontecesse .
Os militantes tinham consciência de quão injustamente Santana Lopes tinha sido criticado desde que foi nomeado Primeiro Ministro .

2. Emoções fracas .

Eram 3 horas da madrugada e ainda alguns militantes subiam ao palco para durante 7 minutos apresentarem as suas moções de estratégia .
Era já escasso o auditório, pelo que se tornava penoso apresentar o produto do seu trabalho naquelas circunstâncias .
Surgiram então as inevitáveis queixas de quem via relegado para plano secundário as suas ideias.
Os oradores da madrugada ainda assim terão esquecido que o Congresso estava a ser transmitido ao vivo no site do PSD através da Internet e que, por conseguinte, o auditório seria incomensuravelmente maior do que aquele que estava à vista .
Há contudo muito a rever quanto à forma como está estruturado o Congresso do PSD.
No próximo Congresso que se prevê seja destinado à revisão dos Estatutos espero dar um significativo contributo nessa matéria .
O desolador cenário da apresentação de múltiplas moções de estratégia de madrugada foi de facto o pormenor de maior desalento de todo o Congresso .
Foi o tempo das emoções fracas .

3- A vitória da razão sobre a emoção .

Forte, forte foi a emoção vivada na bancada onde se concentraram os apoiantes de Filipe Menezes que resolveram cortar a palavra a Silva Peneda quando este declarava o seu apoio a Marques Mendes .
O copo transbordou e o rebanho de repórteres, que andava afanosamente à procura de emoções fortes, encontrou-as, inesperadamente, ali naquela franja marginal do Congresso .
Mendes somou então alguns pontos, graças ao destempero de alguns elementos das bases de apoio de Menezes .
Os dez minutos finais de Marques Mendes foram decisivos . Recuperou aí o terreno que havia perdido nas duas anteriores intervenções .
Filipe Menezes, que fora brilhante no seu discurso de abertura, foi penalizado também pelo aparato com que passou a entrar no recinto do Congresso acompanhado de seguranças e a acenar triunfalmente para a multidão .
Os delegados já não se deixam impressionar com essas manobras .
Foram sobretudo os testemunhos de gratidão dos muitos militantes que subiram ao palco para apoiar Marques Mendes que fizeram pender o fiel para esse lado da balança .
Tinha razão Filipe Menezes quando afirmou que a política sem emoção é uma chatice, mas razão teve também Marques Mendes quando sustentou que deve ser a razão a determinar a acção política .
Desta vez venceu a razão .
Nada me garante porém que da próxima vez não possa triunfar a emoção .
Tudo dependerá dos protagonistas e dos seus projectos de acção política .

Post Scriptum :

Alberto João Jardim é mesmo um caso à parte em que emoção e razão andam de braço dado .
Mais uma vez empolgou o Congresso . A autoridade que lhe advém por ser o mais vitorioso e o mais empreendedor dos social-democratas, paira sempre sobre a cabeça de todos os congressistas .
Ele é aliás o único que não necessita sequer de ser eleito, pois o estatuto de Presidente do Governo Regional da Madeira senta-o ao lado dos vencedores há mais de 3 décadas .
Vamos vê-lo a andar por aí com o Dr. Santana Lopes .
Estarão ambos seguramente muito bem acompanhados .
Estava tentado a dizer que só falto eu para completar o triunvirato .
Mas não posso ter essa pretensão . Sou apenas um « velho » da AD a regressar de uma longa travessia do deserto, ainda um tanto ou quanto desidratado .
Tenho, por isso, que beber ainda uns bons canecos no « Bar Laranja » para poder ganhar de novo o fôlego que fez de mim noutros tempos o mais vitorioso dos candidatos a deputado pela Aliança Dempocrática .
Não esqueço o apoio que recebi dos nossos emigrantes no Círculo Eleitoral da Europa quando das Intercalares de 1979 para as Legislativas de 1980 me deram a maior subida percentual de toda a AD de Sá Carneiro e Amaro da Costa .
Como não esqueço a intervenção da jovem Ana Ferreira de 21 anos, luso-francesa, que protagonizou a intervenção mais vibrante de todo o Congresso ao defender a causa do português emigrante .
Todos ficámos a saber que os portugueses são 15 e não 10 milhões, pois há 5 milhões de portugueses que vivem além fronteiras e que enquanto a Ana Ferreira tiver duas pernas, dois braços e uma bandeira do PSD, ninguém a vai segurar .
Parabéns Ana , com essa garra o teu limite é mesmo o infinito .

Castanheira Barros 12 de Abril de 2005

10 abril 2005

PARABÉNS MARQUES MENDES - Novo Presidente do PSD

Quando na sexta-feira saí do meu local de trabalho na função pública e anunciei que ia para o Congresso do PSD, a indefectível socialista Conceição, que sempre se mete comigo, movendo-me uma salutar « guerra » política, perguntou-me:
- Mas afinal quem é que o Dr. Barros vai apoioar ?
Ao que respondi : apoio as ideias que constam da minha Moção e apoio o Dr. Alberto João Jardim .
A reacção não se fez esperar e surgiram logo os comentários que os continentais, que não conhecem a Madeira e têm dor de cotovelo, habitualmente dirigem ao Dr. João Jardim .
Terminei dizendo :-eu não mudo, já conhece há muito tempo as minhas ideias .
Como apenas 2 militantes se assumiram como candidatos à Presidência do Partido, havia que optar pelo apoio a um deles, pois não sou dos que se acolhem atrás da capa abstencionista .
Ontem sábado 9 de Abril de 2005 declarei ao início da tarde, o meu apoio ao candidato Luís Filipe Menezes ( com z e não com s ), conforme resulta da notícia anterior deste blog .
Gostei do discurso do Dr. Filipe Menezes no 1º dia de trabalhos do XXVII Congresso do PSD, sobretudo quando referiu que queria dar voz às bases do Partido e que quem manda no PSD somos nós os militantes e não a comunicação social .
Face à pressão da comunicação social sofrida pelo PSD durante o período que antecedeu as eleições de 20 de Fevereiro de 2005 , pensei : ora aí está o que era preciso ser dito .
E tal como eu , muitos dos que estavam no Congresso se empolgaram com o discurso de Filipe Menezes .
Porém, quando procurei ao longo da tarde de ontem exprimir directamente ao Dr. Filipe Menezes o meu, descomprometido, apoio à sua candidatura, deparei com astuciosas barreiras levantadas, por acção ou omissão, por parte de alguns dos seus apoiantes o que contrariava a propalada intenção dessa candidatura de dar voz às bases do Partido .
Começou aí a instalar-se a minha desilusão, que se reforçou quando vi, ao início da noite de ontem, Filipe Menezes entrar no recinto do Congresso, rodeado de seguranças e com um aparato excessivo, acenando triunfalmente para a multidão .
A humildade que parecia ressaltar do seu discurso da véspera tinha-se desvanecido .
Percebi que o calor dos aplausos que lhe eram dirigidos vinha sobretudo da claque, com sotaque nortenho, que se concentrou num dos topos do Pavilhão .
Quando elementos dessa claque interromperam o companheiro Silva Peneda, não o deixando continuar a exprimir o seu apoio a Marques Mendes, fiquei profundamente decepcionado e pensei : mas afinal ao lado de quem estou eu ?
Sou « radicalmente » pluralista e por isso não tolero limitações à liberdade de expressão .
Tenho inclusive levado a cabo uma forte luta contra a censura que vem sendo exercida na comunicação social aos meus textos e intervenções de cunho político e por isso não podia pactuar com atropelos à liberdade de cada um poder exprimir o seu pensamento em pleno Congresso do meu Partido .
Como sou Homem de uma só palavra mantive o meu apoio a Filipe Menezes .
Ao longo do dia de ontem assistiu-se a um desfilar de Congressistas que justificavam o seu apoio a Marques Mendes por razões de gratidão : porque Marques Mendes tinha sido o único a responder ao apelo de estar presente num colóquio ou numa reunião de lançamento de candidatura .
Era um argumento muito forte este da GRATIDÃO, ao qual sou particularmente sensível .
Nas últimas das intervenções de cada candidato, Marques Mendes foi brilhante, ao contrário do que tinha sucedido no seu primeiro discurso, que primou pela crítica negativa ao Dr. Santana Lopes e ao próprio Governo que Marques Mendes tinha integrado, presidido pelo Dr. Durão Barroso, tendo sido fraco e um pouco narcisista o discurso de Filipe Meneses ao contrário do que tinha sucedido no 1º discurso em que fora brilhante e fulgurante .
Findo o Congresso cumpre-me felicitar o companheiro Marques Mendes pela sua significativa vitória .
Uma palavra de apreço ao Dr. Filipe Menezes pela forma determinada com que combateu e pelo fair play demonstrado na hora da derrota .
Agora é tempo de estarmos unidos em torno do novo lider, o nosso companheiro Marques Mendes, sem esquecer as críticas injustas que dirigiu ao Dr. Santana Lopes, mas também sem ressentimentos .
Termino com a frase que dirigi ao Dr. Alberto João Jardim nos bastidores do Congresso :
« que pena eu tenho de não poder votar no meu caríssimo Amigo para Presidente do Partido » .
Recuso-me a divulgar a resposta que recebi, dada à boa maneira de Alberto João Jardim...

Leiria 10 de Abril de 2005 Castanheira Barros

08 abril 2005

JOÃO PAULO II - Obrigado por ter vindo a Coimbra

João Paulo II, o Pápa ou Karol Woytila , o Homem marcou-me pelo seu humanismo, coragem, determinação e ainda pela serenidade com que se exprimia nos múltiplos idiomas que dominava .
Ainda hoje sinto a força da sua benção que recebi nos Gerais da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra , no final da missa que aí celebrou em 15 de Maio de 1982 .
Foi marcante a sua presença em Coimbra .
Dias depois enviei para o Vaticano por correio ( ainda não se sonhava sequer com a Internet ) uma breve mensagem, cujo conteúdo não guardei, em que se dizia : obrigado por ter vindo a Coimbra .
Na hora da despedida reitero os meus agradecimentos : obrigado por ter vindo .
A estátua de João Paulo II, da autoria do mestre Cabral Antunes, bem merecia estar de frente para os Arcos do Jardim para poder ser convenientemente apreciada por quem circula naquela movimentada Praça .
Lanço um repto ao actual Presidente da Câmara Municipal de Coimbra, Dr. Carlos Encarnação : faça rodar 180 graus a Estátua de João Paulo II, crie melhores condições de identificação da mesma e dê-lhe uma adequada iluminação nocturna .
Saibamos dar vida à estátua de quem deu a vida pela humanidade .

06 abril 2005

Ter, ou não ter Blog : eis a questão...

Ter, ou não ter Blog : eis a questão ...

(tradução para o inglês : two beer or not two beer : that is the question - William Beer - in "Omoleta" 1600-1601)

04 abril 2005

HÁ SOMBRAS NO ARVOREDO

clique no título « Há sombras no arvoredo » para ter acesso ao poema
que está disponível no site http://poemas.com.sapo.pt

EM MEMÓRIA DE JOSÉ ANTÓNIO GONÇALVES

QUANDO A MENTE BLOQUEIA...

clique no título « Quando a mente bloqueia » para ter acesso ao poema
que está disponível no site http://poemas.com.sapo.pt

02 abril 2005

HOMENAGENS PÓSTUMAS A JOSÉ ANTÓNIO GONÇALVES





SUCEDEM-SE AS HOMENAGENS AO NOSSO QUERIDO AMIGO, POETA E JORNALISTA JOSÉ ANTÓNIO GONÇALVES .
CONHEÇA-AS CONSULTANDO O SITE www.castanheira.net

Castanheira Barros

01 abril 2005

JOSÉ ANTÓNIO GONÇALVES - MEIO SÉCULO DE VIDA INTENSA

Viveu meio século o nosso querido Amigo, poeta, jornalista, Presidente da Associação de Desportos da Madeira, Presidente da Associação de Escritores da Madeira e membro directivo da Associação Portuguesa de Escritores .
Vale a pena recordar o que escreveu em 1973 in "À Espera dos Deuses", a propósito da morte de Pablo Neruda e que bem se pode aplicar à sua morte :
« morreste Neruda. ninguém mais tem os dedos no coração, medindo o pulsar do amor. os teus versos vão-se desfazendo nos olhos dos abutres, enquanto as palavras criam raízes nas folhas brancas que deixaste apodrecer. são poemas de ouro ofuscando os dias com o seu brilho. ah! Neruda, ninguém soube que a tua carne é que devorará a madeira do teu último leito. ninguém soube, porque todos morreram contigo ao morreres, meu poeta sem fim.»

Coimbra 30 de Março de 2005

Castanheira Barros



Fim de ano no Funchal



Última foto com José António - Ilha da Madeira 9-01.2005

25 março 2005

A CO-INCINERAÇÃO E O ESTADO DE DIREITO DEMOCRÁTICO

No Programa que o Governo acabou de apresentar à Assembleia da República pode ler-se- Capítulo III, ponto 2, pág. 93- : No que se refere aos resíduos industriais perigosos, o Governo « retomará o processo tendo em vista a co-incineração nas cimenteiras » .
Esta mesma expressão já constava ipsis verbis do manifesto eleitoral do PS que foi sufragado nas últimas eleições .
Vem sendo questionado publicamente se não deverá considerar-se legitimada a co-incineração face aos resultados eleitorais de 20 de Fevereiro .
No seu bem estruturado artigo de opinião publicado em 11.03.2005 num jornal de Coimbra, Júlio dos Santos, considerou legitimada a co-incineração a partir dos últimos resultados eleitorais.
Demonstrando consciência da gravidade do problema, o autor revela-se contudo resignado e disposto a aceitar a co-incineração ao afirmar , a dado passo do seu artigo : « o povo assim o quis, pois que assim seja » .
É louvável o sentido democrático que compartilho .
A República Portuguesa é, efectivamente, um Estado de direito democrático, baseado na soberania popular, conforme dispõe o artigo 2º da nossa Constituição .
Assim, como democratas, devemos respeitar a vontade livremente expressa pelo Povo português.
Contudo a vontade expressa pela maioria tem de subordinar-se à lei num Estado que não é só « democrático » , mas também « de direito » .
Se a maioria dos portugueses decidisse que nos devíamos atirar todos a um poço , não ficaríamos seguramente obrigados a fazê-lo .
O facto de a maioria dos portugueses ter votado no PS nas últimas eleições não significa que tenhamos que aceitar a condenação a vivermos, no futuro, no meio de quatro paredes impregnadas de lixo tóxico industrial, porque construídas com cimento resultante da co-incineração .
Se da co-incineração resulta ainda e principalmente a produção de substâncias altamente cancerígenas, cujo efeito subsiste durante mais de 30 anos ( dioxinas, furanos, etc ), nunca a adopção de tal método de queima de resíduos industriais perigosos pode estar legitimado, porque viola direitos que a mesma Constituição consagra .
Abstraindo por ora da relevância criminal que poderá assumir a prática de actos de co-incineração, atento o disposto nos art.s 144º, 146º , 278º, 279º e 280º do Código Penal, importa esclarecer que os artigos 24º e 25º da Constituição da República Portuguesa consagram a inviolabilidade do direito à vida e à integridade moral e física das pessoas, determinando o artigo 66º nr. 1. que « Todos têm direito a um ambiente de vida humano, sadio e ecologicamente equilibrado e o dever de o defender » .
Deste último preceito legal resulta não apenas um direito, mas também um dever que impende sobre todos os cidadãos portugueses ( e não apenas sobre os que vivem perto das cimenteiras ) que é o de defender « um ambiente de vida humano, sadio e ecologicamente equilibrado » .
Ser ecologista ( como agora se diz ) não é pois, em Portugal, uma mera questão de moda , sendo sim um imperativo constitucional .
Quando promovi uma acção popular contra a co-incineração, através da interposição de um recurso contencioso de anulação no Supremo Tribunal Administrativo que visava a anulação do despacho do Ministro José Sócrates, achei que seria suficiente, como foi de facto, a via dos tribunais administrativos para alcançar o objectivo de impedir esse grave atentado à saúde pública .
Em 21 de Janeiro de 2004 o Supremo Tribunal Administrativo julgou revogado o despacho do Ministro José Sócrates que determinou a opção pela co-incineração em Souselas e Outão .
A Convenção de Estocolmo assinada pelo Estado Português em Maio de 2001, através do Secretário de Estado do Ambiente do então Ministro Sócrates, consagra no seu artigo 5º diversas medidas para reduzir ou eliminar as libertações derivadas da produção não intencional " de Poluentes Orgânicos Persistentes, referindo o respectivo Anexo C que as dioxinas e furanos se libertam " de forma não intencional a partir de processos térmicos, que compreendem matéria orgânica e cloro , como resultado de uma combustão incompleta ou de reacções químicas " , entre os quais ( processos térmicos ) se inclui a co-incineração de resíduos industriais perigosos em cimenteiras ( alínea b) da Parte II ) .
É tempo pois de se deixar de brincar com coisas sérias .


MAIS SOBRE O TEMA CO-INCINERAÇÃO EM www.castanheira.net